CONHECENDO A PESSOA, A MISSÃO E A ESPIRITUALIDADE DE SÃO JOSÉ, por Padre José Antônio Bertolin, Oblato de São José.
29º dia – São José, modelo dos trabalhadores
Jesus, o Cristo, quis assumir a sua qualificação humana e social a partir de José trabalhador
Buscando o crescimento espiritual: São José aproximou o trabalho humano do mistério da Redenção e como trabalhador braçal não desdenhou o trabalho, mas aproximou o trabalho humano ao mistério da redenção; buscarei fazer do meu trabalho um meio para a minha edificação
- José foi um trabalhador que na sua pobre oficina de carpintaria se ocupava de todos os trabalhos inerentes à sua profissão, trabalhos simples e pesados. De fato, Jesus era conhecido como o filho do carpinteiro: “Não é ele o filho do carpinteiro?” (Mt 13,55). O Filho de Deus feito homem na casa de José, escolheu um simples trabalhador para se revestir de sua filiação, e quis assumir a qualificação humana e social deste simples operário. Jesus não se envergonhou de revestir a sua excelsa dignidade com a humilde condição de operário herdada de José. Como trabalhador na sua oficina de Nazaré, José foi um privilegiado, pois como afirma o Papa Pio XII, José foi, diante da providência divina, o instrumento necessário da dimensão humana do trabalho na vida de Jesus por meio de sua missão, a qual ele não apenas exerceu ao lado de Jesus, mas também acima dele.
- O Papa João Paulo II denominou São José como o “Evangelho do trabalho”. A ele tocou a tarefa de educar o Filho de Deus ao trabalho, coube-lhe a grandeza de ensinar-lhe uma profissão, e sendo ele um carpinteiro, ensinou a Jesus a sua própria profissão, a ponto de Jesus ser identificado como o filho do carpinteiro: “Não é ele o filho do carpinteiro” (Mt 13,55). Foi José quem proveu o sustento de sua família com o seu trabalho e dessa maneira ele dignificou o trabalho redundado em benefício ao Filho de Deus e à sua Mãe. Por causa disso o Papa João Paulo II afirma na Exortação apostólica Redemptoris custos, que foi “Graças ao seu banco de trabalho, junto do qual exercitava a própria profissão com Jesus que José aproximou o trabalho humano do mistério da Redenção” (Rc 22).
- Rezemos: São José, carpinteiro de Nazaré, amigo dos pobres e fiel esposo de Maria, intercedei por todos os que se empenham no trabalho espiritual, intelectual e manual. Intercedei junto a Jesus por todas as necessidades do mundo do trabalho e pelos nossos governantes. Alcançai-nos as graças de que necessitamos. Que tenhamos a graça de imitar as vossas virtudes para chegarmos um dia, à vivência da plenitude em Deus. Amém.
Leitura: Na época em que vivemos a Igreja procura colocar em realce o valor e a dignidade do trabalho e isso foi mais ressaltado com a memória litúrgica de São José Operário, fixada no primeiro de maio desde o ano de 1955 pelo Papa Pio XII. O trabalho humano, em particular o trabalho manual, tem no Evangelho uma acentuação especial. Juntamente com a humanidade do Filho de Deus o trabalho foi acolhido no mistério da Encarnação, como também foi redimido de maneira particular. Graças ao seu banco de trabalho, junto do qual exercitava o próprio ofício juntamente com Jesus, José aproximou o trabalho humano do mistério da Redenção (Rc 22). Para alguns estudiosos, José era um tekton, ou seja, um operário que trabalhava com madeira, pedra ou metal, o que implicava que ele trabalhasse como escultor, pedreiro, marceneiro, etc.; portanto, era um trabalhador versátil. Alguns chegam a afirmar que José era um pequeno empreendedor ou até possuía um empreendimento de construção, e que com seu trabalho honesto sustentava com dignidade a sua família. Estudiosos mais modernos são do parecer que ele era também um pedreiro, tendo em vista que a Galileia no tempo de Jesus era agrária e a profissão de pedreiro não exigia um trabalho especializado. Como carpinteiro que exercia uma variedade de atividades, José tinha sua pequena oficina no quintal de sua casa onde guardava as madeiras, suas ferramentas (serra, martelo, pregos, esquadro, prumo…). Alguns admitem que ele não trabalhou somente na pequena Nazaré, mas também fora dela, sobretudo em Séforis, cidade perto de Nazaré, e que estava sendo reconstruída por Herodes naquele tempo. Como o rei precisava de artesãos para as obras desta cidade, certamente José fez parte do grupo de artesãos que se empenharam nesse trabalho. O histórico israelita Klausner, em seu livro sobre Jesus de Nazaré, apresenta um texto de Justino relatando que mais de um século depois de Cristo ainda se falava na Galileia dos arados fabricados por Jesus na oficina de Nazaré, o que não deixa dúvida que ele aprendeu essa profissão com José. (Conhecendo a pessoa, a missão e a espiritualidade de São José).