CONHECENDO A PESSOA, A MISSÃO E A ESPIRITUALIDADE DE SÃO JOSÉ, por Padre José Antônio Bertolin, Oblato de São José.
1º dia – São José, escolhido a dedo por Deus
Digamos ao nosso grande Patriarca: Eis-nos todos para ti e tu sê todo para nós (São José Marello)
Buscando o crescimento espiritual: Deus olhou para São José com predileção e o escolheu como ministro da salvação; como cristão vou me empenhar em servir aos interesses de Jesus na pessoa dos meus irmãos como São José o fez.
- São José não é apenas um santo junto a tantos outros santos, mesmo sendo o maior, depois da Virgem Maria, justamente porque ele foi chamado por Deus, escolhido a dedo para ser o seu colaborador e tomar parte na realização do seu projeto de salvação, pensado desde toda a eternidade, para servir diretamente a pessoa e a missão de Jesus, mediante o exercício de sua paternidade e desse modo ele cooperou “no grande mistério da Redenção, quando chega a plenitude dos tempos, e é verdadeiramente o ´ministro da salvação`(Rc 8).
- José não é apenas o pai de Jesus como os evangelistas ensinam, mas também o esposo de Maria, por isso ele participou do mistério da encarnação do Filho de Deus juntamente com Maria, pois se de uma parte, a maternidade de Maria não depende de José, porque é obra do Espírito Santo, por outra parte, esta não pode ser desligada dele em vista do seu matrimônio com Maria.
- De fato, o anjo introduz José no mistério da maternidade de Maria, e se dirige a José como esposo dela, como àquele de deverá depois impor o nome de Jesus ao Filho que dela nascerá. Deste mistério José é, juntamente com Maria, um depositário singular. Destas duas realidades de José ser o pai de Jesus e o esposo de Maria, decorrem toda a sua grandeza e o seu poder junto de Deus.
- Por isso, para todos os católicos São José deve ser olhado muito mais do que uma simples e piedosa presença devocional. Ele não dever ser aquela figura pintada pelos apócrifos, ou um idoso com barba e cabelos brancos e com um bastão florido (lírio) na mão, ou ainda como é apresentado muitas vezes na cena do presépio, colocado de escanteio em meio aos animais, talvez com o intuito de ressaltar a sua humildade.
- A nossa consagração a ele pretende ser um movimento de nossa alma voltado para esse modelo de virtudes que tem tanto para nos ensinar, para nos indicar mais claramente o caminho de Deus e para Deus, para sustentar-nos em cada passo e para conduzir-nos aonde a divina Providência quer que cheguemos, ou seja, para amar verdadeiramente a Jesus, a nos empenharmos na busca de servir os interesses de Jesus como ele viveu e para crescermos na nossa vida de cristãos nos conformando com sua identidade de homem que cresce.
- Muito bem lembrou o escritor Paulino Gonzales ao perguntar: “O que pode fazer a árvore mais próxima da torrente senão crescer com maior vigor? E o que não deveria receber São José em contato com Deus, o qual o trazia entre os braços, a não ser graças sobre graças, e com essas, incessantes aumentos de caridade? No céu, os santos são todos poderosos e cheios de amor, mas ninguém vence em caridade o santo Patriarca, visto que nenhum o venceu na graça e por que ninguém viveu como ele tão perto da fonte de graça e do amor, Jesus (Grandezas, dores e alegrias de São José)”.
- Rezemos: “Tu ó José, que depois da Bendita Virgem, foste o primeiro a estreitar no peito Jesus Redentor, sê o nosso modelo em nossa vida cristã como o teu ministério foi de relacionamento íntimo com o Verbo Divino”.
- Leitura: José se tornou, portanto, um depositário singular do mistério“ escondido desde todos os séculos em Deus”(Ef 3,9), como se tornara Maria, naquele momento decisivo que é chamado pelo Apóstolo “plenitude dos tempos”, quando “Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher… para resgatar os que se encontravam sob o jugo da lei e para que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl 4,4-5). “Aprouve a Deus – ensina o Concílio – na sua bondade e sabedoria, revelar-se a si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade (Ef 1,9), pelo qual os homens, através de Cristo, Verbo Encarnado, tem acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina (Ef 2,18; 2Pd 1,4)”. Deste mistério divino, juntamente com Maria, José é o primeiro depositário. Simultaneamente com Maria – e também em relação com Maria – ele participa nesta fase culminante da autorrevelação de Deus em Cristo; e nela participa desde o primeiro momento. Tendo diante dos olhos os textos de ambos os Evangelistas, São Mateus e São Lucas, pode também dizer-se que José foi o primeiro a participar na mesma fé da Mãe de Deus e que, procedendo deste modo, ele dá apoio à sua esposa na fé na Anunciação divina. Ele é igualmente quem primeiro foi posto por Deus no caminho daquela “peregrinação da fé”, na qual Maria, sobretudo na altura do Calvário e do Pentecostes, irá adiante, de maneira perfeita (Redemptoris custos 5).