Percorrendo o pequeno caminho, sob o olhar de São José. (Valdivino Simões da Silva, esposo e pai) (Domingo 08)

Série: 54 Domingos em honra de São José

Domingo 08

Percorrendo o pequeno caminho, sob o olhar de São José.

(Valdivino Simões da Silva, esposo e pai)

São José não fez coisas extraordinárias; mas com a prática constante de virtudes ordinárias e comuns atingiu aquela santidade que o eleva muito além de todos os outros santos. Também Jesus não realizou sempre atos extraordinários e heroicos, como o afastamento da mãe e a morte de cruz. Mas quantos atos de virtude Ele fez e quanto mereceu! (São José Marello)

O Papa São João Paulo II nos presenteou com uma importante síntese sobre a missão protetora e educativa que São José exerceu perante Jesus e que agora exerce sobre seus filhos e filhas. Vejamos:

“Inspirando-se no Evangelho, os Padres da Igreja, desde os primeiros séculos, puseram em relevo que São José, assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho jubiloso à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu Corpo místico, a Igreja, da qual a Virgem Santíssima é figura e modelo”. (Papa São João Paulo II – Redemptoris Custos. Item 1)

O Papa São João Paulo II usava uma expressão bem peculiar para ensinar que São José acompanhava de perto o “crescimento” de Jesus: o Papa ensinava que tal crescimento ocorreu “sob olhar de São José”. Relembremos:

“O crescimento de Jesus “em sabedoria, em estatura e em graça” (Lc 2,52), deu-se no âmbito da Sagrada Família, sob o olhar de São José, que tinha a alta função de o “criar”; ou seja, de alimentar, vestir e instruir Jesus na Lei e num ofício, em conformidade com os deveres estabelecidos para o pai”. (Papa São João Paulo II – Redemptoris Custos 16)

Ao usar propositalmente os três verbos: alimentar, vestir e instruir, o Papa esclarece o quanto José foi importante em sua missão de “instruir Jesus na Lei e num ofício”. José não foi apenas o protetor de Jesus, mas seu educador.

A leitura do texto evangélico de Lucas (Lc 2, 46-52) indica também um fato muito importante: o próprio Jesus Adolescente e Jovem, escolheu completar sua educação no Lar de Nazaré, sobre a proteção e orientação de José e de Maria. Ainda adolescente Jesus já sabia que devia “ocupar-se das coisas do Pai”, e que essa era uma missão muito importante. E decide “descer com eles a Nazaré e lhes ser submisso”. Relembremos:

Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Todos os que o ouviam estavam maravilhados da sabedoria de suas respostas. Quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe disse-lhe: Meu filho, que nos fizeste? Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição. Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai? Eles, porém, não compreenderam o que ele lhes dissera. Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração. E Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens”. (Lc 2, 46-52)

Sob o olhar de São José, no Lar de Nazaré e nos ambientes onde convivia a Sagrada Família, Jesus prepara-se para a sua missão. É muito significativo notar que Jesus, antes de iniciar seu ministério público, retorna para o Lar de Nazaré. No seu livro “São José, Aquele que Exprimiu as perfeições de Deus na Terra”, apresenta um interessante comentário sobre etapa da vida da Sagrada Família. Vejamos:

Jesus viveu toda a sua vida, enquanto estava com seus pais, em Nazaré e não em Jerusalém. Certamente ele não frequentou uma escola rabínica da cidade, mas trabalhou em companhia com seu pai José na carpintaria de Nazaré. Jesus foi educado diretamente por José e teve a experiência de uma grande proximidade com ele. Na convivência com Jesus adolescente, José passou a experimentar a mais profunda docilidade do coração de seu filho, sendo testemunha do clima de afabilidade e do crescimento dele em idade, sabedoria e graça. José viveu na presença de Jesus num clima de contemplação. É pena que os evangelistas não terem tido a preocupação em relatar alguns episódios tão ricos dentro do clima da Sagrada Família. (Padre José Antônio Bertolin, Oblato de São José)


Este clima de contemplação vivenciado dentro de um ambiente específico e de grande simplicidade, o Lar de Nazaré, no qual Jesus convivera com José e com Maria por mais dezoito anos antes de iniciar sua vida pública remete-nos a pensar sobre quais lições podemos tirar desta opção de Jesus, nosso Senhor e Salvador. E com a ajuda de alguns mestres da fé podemos descobrir a grandiosidade de uma vida simples e laboriosa. Vejamos:

“Recomendemo-nos ao glorioso São José, guia e mestre da vida espiritual, modelo sublime de vida interior e escondida. Na sua vida familiar ele também se encontrou nas mesmas circunstâncias nossas. Imitemo-lo na prática daquelas virtudes humildes e escondidas que agradam muito a Deus e ajudam muito a alma a progredir e a santificar-se”. (São José Marello)

O Padre Severino Dalmaso, OSJ, então Superior Geral da Congregação dos Oblatos de São José, nos ajuda a compreender estas palavras de São José Marello e perceber nelas a proposta do “pequeno caminho”. Vejamos:

Como podemos ver, a devoção a São José devia conduzir à santidade, ou seja, à união com Deus, através da santificação das ações diárias e através do zelo nas atividades apostólicas. Desta maneira ele enunciava o “pequeno caminho” das virtudes simples que deveriam levar diretamente a Jesus, como foi a vida de Maria e de José, toda empregada em benefício do Filho de Deus Encarnado. (Padre Severino Dalmaso, Oblato de São José)

Percorrer o “pequeno caminho”, a exemplo dos grandes santos que “atingiram sua santidade não tanto por pela prática de virtudes extraordinárias, para as quais as ocasiões são muito raras, mas com os atos repetidos e incessantes das pequenas virtudes”. Vejamos este precioso ensinamento onde para nos ajudar a entender isso São José Marello usa o exemplo do grão de mostarda e nos orienta a perceber que José de Nazaré, e Jesus de Nazaré, certamente que junto com Maria de Nazaré, foram os primeiros a vivenciar este estilo de vida: percorrer o pequeno caminho. Vejamos:

O grão de mostarda é considerado a menor das sementes semeadas na horta, e, no entanto, ela se desenvolve a ponto de se tornar uma grande e bela árvore. Por esta razão ela representa bem as pequenas virtudes, as quais podem produzir uma grande santidade. De fato, os grandes santos atingiram sua santidade não tanto por pela prática de virtudes extraordinárias, para as quais as ocasiões são muito raras, mas com os atos repetidos e incessantes das pequenas virtudes. Assim, São José não fez coisas extraordinárias; mas com a prática constante de virtudes ordinárias e comuns atingiu aquela santidade que o eleva muito além de todos os outros santos. Também Jesus não realizou sempre atos extraordinários e heroicos, como o afastamento da mãe e a morte de cruz. Mas quantos atos de virtude Ele fez e quanto mereceu! (São José Marello)

Diversos outros santos e santas testemunharam, com palavras e com a vida, a sabedoria da opção pelo pequeno caminho, ou pequena via , termo que se popularizou depois que Santa Teresinha do Menino Jesus foi declarada Doutra da Igreja, ela que tão belamente entendeu, viveu e ensinou sobre o pequeno caminho.

Exercitar-se em percorrer o “pequeno caminho”, a exemplo dos grandes santos, e sob o olhar de São José: eis um belo propósito para o Ano Santo 2025. Que a Sagrada Família de Nazaré nos sustente neste bom propósito.

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