Série: 54 Domingos em honra de São José
Domingo 04
À Sagrada Família confiamos a missão educativa
das famílias
(Valdivino Simões da Silva, esposo e pai)
Podemos entrever nisto o sentido autêntico da educação cristã: ela é o fruto de uma colaboração que se deve procurar sempre entre os educadores e Deus. A família cristã está consciente de que os filhos são dom e projeto de Deus. Portanto, não os podemos considerar como posse pessoal, mas, servindo neles o desígnio de Deus, é chamada a educá-los na maior liberdade, que é precisamente a de dizer “sim” a Deus para fazer a sua vontade. A Virgem Maria é deste “sim” o exemplo perfeito. A ela confiamos todas as famílias, rezando sobretudo pela sua preciosa missão educativa. (Papa Bento XVI)
Já estamos no Ano Santo 2025. Deus seja louvado por tão grande graça. Um dos frutos que esperamos do Ano Jubilar é que ele ajude as famílias a redescobrir sua missão evangelizadora, a começar no próprio seio familiar e irradiando-se por toda a Igreja e a sociedade. E, entre outros aspectos importantes desta missão é importante que as famílias conheçam com mais profundidade o exemplo e poder de intercessão da Sagrada Família de Nazaré. Como nos ensinou o Papa São João Paulo II, é preciso que à invocação confiante seja associado o amor e o serviço ao Redentor. Vejamos:
É para mim uma alegria cumprir este dever pastoral no intuito de que cresça em todos a devoção ao Patrono da Igreja universal e o amor ao Redentor, que ele serviu de maneira exemplar. Desta forma, todo o povo cristão não só recorrerá a São José com maior fervor e invocará confiadamente o seu patrocínio, mas também terá sempre diante dos olhos o seu modo humilde e amadurecido de servir e de “participar” na economia da salvação. (São João Paulo II. Papa. Exortação Apostólica Redemptoris Custos).
O Papa Bento XVI, na oração do Ângelus no dia da Festa da Sagrada Família de 2009, nos presentou com preciosas orientações e finalizou com uma oração e um pedido: “à Virgem Maria confiamos todas as famílias, rezando sobretudo pela sua preciosa missão educativa”. Ouçamos o Papa Bento XVI:
Queridos irmãos e irmãs!
Celebra-se hoje o domingo da Sagrada Família. Podemos ainda identificar-nos com os pastores de Belém que, logo que receberam o anúncio do anjo, acorreram apressadamente à gruta e encontraram “Maria e José, e o Menino deitado na manjedoura” (Lc 2, 16). Detenhamo-nos também nós a contemplar este cenário, e reflitamos sobre o seu significado.
As primeiras testemunhas do nascimento de Cristo, os pastores, encontraram-se diante não só do Menino Jesus, mas de uma pequena família: mãe, pai e filho recém-nascido. Deus quis revelar-se nascendo numa família humana, e por isso a família humana tornou-se ícone de Deus! Deus é Trindade, é comunhão de amor, e a família é, com toda a diferença que existe entre o Mistério de Deus e a sua criatura humana, uma expressão que reflete o Mistério insondável do Deus amor. O homem e a mulher, criados à imagem de Deus, tornam-se no matrimônio “uma única carne” (Gn 2, 24), isto é, uma comunhão de amor que gera vida nova. A família humana, num certo sentido, é ícone da Trindade pelo amor interpessoal e pela fecundidade do amor.
A liturgia de hoje propõe o célebre episódio evangélico de Jesus aos 12 anos que permanece no Templo, em Jerusalém, sem que os seus pais o soubessem, os quais, admirados e preocupados, ali o encontram depois de três dias que discute com os doutores. Quando a mãe lhe pede explicações, Jesus responde que deve “estar na propriedade”, na casa do seu Pai, isto é, de Deus (cf. Lc 2, 49). Neste episódio o jovem Jesus demonstra-se cheio de zelo por Deus e pelo Templo. Perguntemos: de quem tinha aprendido Jesus o amor pelas “coisas” de seu Pai? Certamente como filho teve um conhecimento íntimo do seu Pai, de Deus, uma profunda relação pessoal e permanente com Ele, mas, na sua cultura concreta, aprendeu com certeza dos seus pais as orações, o amor pelo Templo e pelas Instituições de Israel. Portanto, podemos afirmar que a decisão de Jesus de permanecer no Templo era sobretudo fruto da sua relação íntima com o Pai, mas também fruto da educação recebida de Maria e de José.
Podemos entrever nisto o sentido autêntico da educação cristã: ela é o fruto de uma colaboração que se deve procurar sempre entre os educadores e Deus. A família cristã está consciente de que os filhos são dom e projeto de Deus. Portanto, não os podemos considerar como posse pessoal, mas, servindo neles o desígnio de Deus, é chamada a educá-los na maior liberdade, que é precisamente a de dizer “sim” a Deus para fazer a sua vontade. A Virgem Maria é deste “sim” o exemplo perfeito. A ela confiamos todas as famílias, rezando sobretudo pela sua preciosa missão educativa.
O Papa Francisco, na oração do Ângelus no dia da Festa da Sagrada Família de 2015, nos ensinou que “do exemplo e do testemunho da Sagrada Família, cada família pode obter indicações preciosas para o estilo e as escolhas de vida, e pode haurir força e sabedoria para o caminho de cada dia”. Ouçamos o Papa Francisco:
O Evangelho de hoje convida as famílias a descobrir a luz de esperança que provém da casa de Nazaré, na qual se desenvolveu com alegria a infância de Jesus, o qual — diz são Lucas — «crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens» (2, 52). O núcleo familiar de Jesus, Maria e José é para cada crente, especialmente para as famílias, uma autêntica escola do Evangelho. Aqui admiramos o cumprimento do desígnio divino de tornar a família uma especial comunidade de vida e de amor. Aqui aprendemos que cada núcleo familiar cristão é chamado a ser «igreja doméstica», para fazer resplandecer as virtudes evangélicas e tornar-se fermento de bem na sociedade. Os traços típicos da Sagrada Família são: recolhimento e oração, compreensão mútua e respeito, espírito de sacrifício, trabalho e solidariedade.
Do exemplo e do testemunho da Sagrada Família, cada família pode obter indicações preciosas para o estilo e as escolhas de vida, e pode haurir força e sabedoria para o caminho de cada dia. Nossa Senhora e São José ensinam a acolher os filhos como dons de Deus, a gerá-los e educá-los cooperando de forma maravilhosa na obra do Criador e doando ao mundo, em cada criança, um novo sorriso. É na família unida que os filhos levam a sua existência ao amadurecimento, vivendo a experiência significativa e eficaz do amor gratuito, da ternura, do respeito recíproco, da compreensão mútua, do perdão e da alegria.
Que o exemplo da Sagrada Família de Nazaré nos inspire, nos ilumine, e nos apoie em nossa caminhada, em cada dia do Jubileu 2025.
Valdivino Simões da Silva, esposo e pai.